domingo, 18 de abril de 2010

Briteiros (Sta. Estevão)


Sendo das três Briteiros a mais meridional, Santo Estêvão vê encaixar-se o seu território (de exígua área) entre os das congéneres Donim (a norte), Santa Maria de Souto (a nascente), S. Salvador de Souto (a sul), Barco (a sudoeste) e finalmente S. Salvador de Briteiros (a poente). Voltado à bacia orográfica do Vizela, este território paroquial apresenta um relevo dócil, de altitude média inferior a trezentos metros. Habitam hoje a freguesia à volta de 1.150 pessoas, sendo de assinalar o notório surto de crescimento demográfico a que se vem assistindo nas últimas décadas (bastará dizer que, nos meados do século, aqui residiriam menos de quinhentas almas). Se a tradi¬cional actividade agro-pecuária aqui possui, ainda hoje, razoável peso, será porém a pequena indústria (sectores têxtil e construção civil sobretudo) a dominar a esfera económica local nos dias que correm. Apesar de não surgirem noticiados, tanto quanto saibamos, quaisquer vestígios ou estações arqueológicas pré ou proto-históricos em área desta freguesia, será uma vez mais de assinalar o registo de importantes povoados fortificados castrejos em freguesias limítrofes, como sejam a Citânia de Briteiros (na homónima S. Salvador) ou o Castro dos Mouros (em Santa Maria de Souto), só para citar dois exemplos. Já quanto à presença e influência da civilização romana, porém, o caso muda de figura, pois que aqui se noticia um interessante achado epigráfico daquele âmbito cronológico e cultural, muito exactamente no lugar de Ribas (P.D.M.). As origens paro¬quiais, por seu turno, poder-se-ão situar também em época pré-nacional da reconquista, surgindo a arcaica devoção ao mártir Santo Estêvão já aqui documentada pelo século XI.

A freguesia era inicialmente conhecida apenas pela designação do seu orago, ao qual se juntava o determinativo "de Riba de Ave", para distinção com homónimas. Nas "Inquirições" de 1290, porém, já aparece regis¬tada como Sto. Estêvão "de Briteiros". No âmbito eclesiástico, esta paróquia surgirá primitiva¬mente em padroado distinto da coroa ("Inquirições" de 1220), aparecendo posteriormente sob o alçado da Sé de Braga, como vigararia a apresentação do respectivo chantre. No capítulo adminis¬trativo integrou desde sempre o termo de Guimarães. No adro da Igreja Paroquial de Santo Estêvão de Briteiros se conservou, durante muitos anos, a celebrada "Pedra Formosa" - laje graníti¬ca, profusamente insculturada numa das faces, que terá integrado um monumento balnear de tradição pré-romana - como, escrevendo por 1726, noticiava o bacharel X. Craesbeeck. Este autor dá ainda precioso informe quanto a fábrica do templo paroquial, "que ainda se anda fazen-do", acrescentando existir no aro a freguesia uma "capella filial, a de Alexo, no lugar da hermida, fabricada pellos relligiosos de Santa Marinha da Costa". Pelos finais do século passado, José Augusto Vieira arrolava nesta freguesia os


seguintes topónimos: Assento, Regos, Vila Chã, Real, Regueira, Moinhos, Linhares e Bouça da Lage. Do património natural, paisagístico e etno¬gráfico de Santo Estêvão de Briteiros revelam as margens do Ave com seus vetustos moinhos de água, frondosa e verdejante vegetação, num tre¬cho em que a poluição não atingiu ainda os pre¬ocupantes índices que alguns quilómetros a jusante se vão registar.



in "Silva, João Belmiro Pinto da, 'Guimarães - Nas Raízes da Identidade...', Anégia Editores, ed. lit., 1999